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another world
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nem pensaria em esmeraldas, mas então que os musgos
em mantas
e que mesmo no verão, tudo verta
da vereda mais veredas
lianas, praganas e sedas
da escavadora pende um véu de garças.
espicaçam os terrões sem espanto
como terão sabido do labor da máquina?
a poeira acastanha os óleos
subtil,
lancina em agudos de fricção difícil
sereias informes de pássaros
e o fumo fino das queimadas esbate-se no movimento
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2. |
kinetic dreams
02:49
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se algum deles por folia se deixar trambolhar pela ribanceira abaixo
e se na fricção não perder o balanço da vertigem inicial
e se no final das forças um generoso fio de azul baço e águas lentas for a metáfora que a realidade por cabriolice até oferece
então a cabeça pode, submersa
sussurrar bolhas de ar maior
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3. |
nostalgia
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o açúcar amarelo tinha sabor!
as cores berrantes dos chocalhantes
hipopótamos comilões!
ou quando descobriram que tinha sido eu a cagar atrás da escola
a vontade de fazer um improbabilíssimo disparate sem quaisquer consequências nefastas a apontar
a dança mínima da árvore na pachorra com os cachopos no baloiço todos ao mesmo tempo
a dança dos peixes-sapo no tanque da roupa, alguns mortos de barriga para cima
pessoas apaixonadas sem lá saberem o que é isso, todas emburradas pelos cantos do salão de baile,
começam agora a dançar
fim das pilhas
amores a milhas
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4. |
this moment
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em que lugar de força se respira ainda a leveza?
agora
sem a memória
ou o tapete de veludo das palavras
os dedos dão para o mar
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5. |
crossing this river
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gracioso, o animal de asas receia ainda
pesa os gestos, austero
negligente,
deixa-se cair
a falha no incisivo o brilho do sorriso
e tudo se incendeia em líquidos mornos de não vale a pena queimar
o cheiro a fumo na camisola depois da veneração em estupor da chama
a mecânica de não saber sempre a engendrar o que possa
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6. |
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ao lado das caixas com guitas e agulhas havia um instrumento de ritmar o mundo
tinha teclas e botões com propósitos obscuros
quando era tocado,
era sobre a solidão
que pegajosamente vertíamos em auras gordas
que versava.
nus, íamos afagar o cão, encadeados por miragens e réstias
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7. |
suburban blues
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a fábrica de enlatados fora visitada pela vegetação de sempre
insidiosa de razão, desenhava um púbis na entrada
nas câmaras havia frases em grafitti
“nunca comas abacates fora da estação”
“aqui fumei uma ganza com a morte”
“a poesia é em dezembro”
tudo fazia sentido, como uma marcha final para um cadafalso de gravidade zero
era altura de fazer do óleo das máquinas um bálsamo
e da palmeira vergada uma jovem rainha de teimosia
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