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cooper do​-​nuts and the city of night

by Q///Q

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    Cassette + Digital Album

    C47
    Pro dubbed
    Type I

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1.
2.
por quantos pregos respiro?   quanto calor reverbero? quanto fulgor rodopio? quantos cansaços tolero? 
 quem te deu esse veneno? mata a sede? dá-me um trago.  não achas o frasco pequeno? viste a gata? foi pró lago. 
 por quantos pregos respiro?   quanto calor reverbero? quanto fulgor rodopio? quantos cansaços tolero? é melhor não andar mais. viste os ossos? eram tantos. sentaram-se nos troncos grossos, à laia de implantes santos. por quantos pregos respiro?   quanto calor reverbero? quanto fulgor rodopio? quantos cansaços tolero?
3.
4.
uma suave, quase patética brisa traz da casa em ruínas os eflúvios da ovelha em putrefacção larga a bicicleta ao chão. aproxima-te. entra. observa o centro da sala. repara no tecto de telhas ruído em chão de cacos. a lã cobre a carnificina qual ritual espontâneo de esquecimento e absurdo. sai da casa. observa o poço. largo como uma eira,  abre a boca escarpada à secura em volta. apenas uma figueira pende, corajosa, sabe ser capaz, mais que muros  pega na bicicleta tens a escolta dos fabulosos reveladores do vento, louros de sol, uivando gestos precisos na difícil curva do nunca no mesmo sítio e sempre de raízes cerradas a um coração generoso de terrão as cigarras metamorfoseiam-se metafisicamente em silvo pelo outro, em ripas de som e força por onde caminha o ímpeto nenhum peso é pesado nesta escala
5.
6.
quando me zango com a minha amiga, Pandora, a gata preta, vem e roça-se nela, em mim, numa urgência serena, na busca de atenção para o talvez não seja boa ideia tanto cérebro e narração na mais bela acção sensível de concórdia
7.
8.
de uma passagem fugaz por lisboa, vai agora fazer vinte anos, lembro-me de entrar numa porta e lá dentro ser afinal um bar cheio de gente a dançar um som pesadão e sem rosto. Havia uma máquina de arrancar cabeças junto ao balcão. uma das colunas tinha o woofer rebentado e era como se escorresse baba da boca de uma vociferação qualquer. todos tinham suores atravessados de perfumes. na minha ingenuidade, insistia em aplicar-lhes olhares trespassantes d’alma, o que fazia das danças rituais ainda outros, mais reais, mais crianças, mais animais.
9.
10.
ouvimos o raio da raga vezes e vezes. e não era só de manhã, como é suposto no caso desta, era a qualquer altura do dia. o resultado foi bonito: acalmei-me. era como uma pena longa que tinha de cumprir nesta prisão imensa onde apenas me era vedado fazer da inteligência uma arma. o movimento era sempre rubicundo, sem derrame de sangue ou arrancar de crosta. o espaço simplificava-se sem a violência toda, apenas a suficiente para o corpo estremecer, os pêlos eriçarem-se, quererem ir ao mar colher cordões vim do mar, cordões colhi, fui ao mar colher cordões vim do mar cordões colhi fui ao mar colher cordões vim do mar cordões colhi
11.

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OTA041

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released March 21, 2021

artwork: pedro cassiano/miguel fonseca

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